ROBERTA MSENA
( BRASIL - MINAS GERAIS )

Poetisa residente em Belo Horizonte.
Licenciada em Letras/ UFMG. Seus poemas existencialistas tocam e despertam corações pra o sentido da vida,
com amor e contemplação.
rmsc@yahoo.com.br 

CENA POÉTICA 10 - POESIA & PROSA. Adircilene Batista; e outros. Belo Horizonte, MG: RS Edições, 2024. 216 p.   Exemplar da biblioteca de Salomão Sousa

        Terapêutica do abraço

Um abraço forte em silêncio...
Olhos fechados sentindo o momento.
Sem a menor noção do tempo
Nem de tudo que está à volta
Apenas a energia que flui
E os sentimentos bons que vêm
Dois seres que se querem bem
Num rico momento de acolhida.

***

O que eu desejo
O que eu preciso
Anseios guardados na alma
Um rio que segue seu curso
Livremente...
O que produz
O que se opõe
Segredos juntados no peito
De doces quimeras
Amores expressivos
Contemplações
Viagem ao universo das letras
Sonoras trilhas, as cores das paisagens
Respiração
Meditação
Um sossego com coração amoroso
A dinâmica dos cuidados
Agradeço cada instante as belezas do existir.

***

Hoje revisitei minha infância
Memórias afetivas
De um viver simples, miúdo
Do poder contar com pouco

Fui lá nos tempos de menina
Das brincadeiras no quintal, dos pés tingidos da cor vermelha
Dos guisados feitos pela meninada
De comer só frutas da estação e próprias da região
Dos cheiros e preparos vindos da cozinha simples: doces, pães
(fatias como chamávamos e que tinha toda uma ciência no
preparo), dos biscoitos fritos

Trouxe pro agora
Pra perto de mim
Essa existência de tempos mais calmos, mais lentos
Sensações boas guardadas no coração
O cheiro das frutas, de comer tudo no prato, de roer osso e
saborear a fruta até o caroço
Um universo inteiro rodeado na meninice com muita simplicidade

Quis trazer coisas boas, leves
Apesar das muitas dificuldades
Agarrei-me nas impressões boas
Num dia a dia fixado nos desejos simples
Do pouco esperar
No agora latente
Presente nos feitos
No miudinho, nos detalhes das cores e cheiros
Naturalmente simples

Com muito afeto e acolhida amorosa
Sinto e percebo que esses tempos nunca sairão de mim

*
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Página publicada em dezembro de 2025.